SIPESP recebe denúncias de assédio moral e más condições de trabalho na Delegacia de Peruíbe

Investigadores relatam sobrecarga, desvio de função, estrutura precária e ausência de comando efetivo na unidade policial

A Delegacia Sede de Peruíbe, no litoral sul paulista, tem sido alvo de diversas denúncias encaminhadas ao Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo (SIPESP). Os relatos apontam para um cenário de assédio moral, desorganização administrativa e condições insalubres de trabalho, envolvendo a atuação do delegado titular e do chefe dos investigadores.

Problema crônico

De acordo com as denúncias, os investigadores são obrigados a registrar todos os boletins de ocorrência, inclusive os de natureza complexa, que deveriam ser formalizados pelos escrivães. Mesmo com o plantão abarrotado, o escrivão raramente faz os registros. Os policiais são obrigados a fazer tudo, inclusive movimentar presos e cuidar da parte administrativa.

A situação se agrava nos fins de semana e no período noturno, quando a equipe de investigadores é responsável por cinco delegacias de três cidades diferentes, sobrecarregando o efetivo e colocando em risco a segurança das operações.

Outro ponto crítico refere-se à cadeia anexa à delegacia, interditada devido a rachaduras na estrutura. Segundo os relatos, uma barra de ferro foi improvisada para manter os presos algemados, o que já resultou em fuga de detentos.

E como se não fosse suficiente, ainda há queixas de que o carcereiro responsável se recusa a receber objetos pessoais dos presos, determinando que fiquem sob a guarda dos investigadores — uma prática irregular. Em um dos casos, um policial precisou pagar do próprio bolso um telefone celular extraviado, após apreendê-lo durante uma ocorrência.

Insalubridade no ambiente de trabalho

A precariedade da estrutura física também é alvo de críticas: banheiros sem iluminação e sem condições de uso, ausência de água potável e de itens básicos de higiene, como papel higiênico, que os próprios policiais precisam comprar. Os locais onde ficam os policiais são insalubres, enquanto as salas melhores permanecem trancadas à noite e nos fins de semana, diz a denúncia.

Em 2024 o SIPESP denunciou esse mesmo problema na região de Itanhaém, também no litoral paulista. Leia aqui: >> https://sipesp.org.br/denuncia-condicoes-precarias-nas-delegacias-de-itanhaem-exigem-urgencia-em-melhorias/

Sensação de abandono

Foi relatado que o delegado titular raramente cumpre o horário de expediente. “Às segundas, costuma chegar à tarde e vai embora em poucas horas. Às sextas, geralmente nem aparece. Quando surge um caso mais complicado, ele orienta por telefone”, diz a denúncia. Já o chefe dos investigadores também não cumpre a carga horária mínima, deixando os servidores sem respaldo e sem orientação adequada.

Também existem relatos de que os policiais sofrem constantemente com assédio moral e ameaças veladas por parte da administração, o que agrava o clima de tensão dentro da unidade.

Próximos passos

Diante das denúncias, o SIPESP informou que está colhendo depoimentos e reunindo documentação para encaminhar um relatório detalhado às autoridades competentes.

O sindicato reforçou que seguirá ouvindo os servidores para garantir que os direitos dos policiais civis sejam respeitados e que as condições de trabalho sejam restabelecidas dentro da legalidade e da dignidade que a função exige.