Iniciativa, que paralisou mais de 90% do efetivo em todo o estado de São Paulo em 2008 na busca por reajuste salarial, hoje faz parte da história da PCSP.

Este é um ano importante para a categoria. Já faz dez anos da greve feita pela Polícia Civil em 2008, que se uniu para reivindicar reajuste salarial e melhores condições de trabalho, objetivos que reuniram cerca de 53% do efetivo na Capital e 97% no interior paulista, marcando a história da categoria.

Os Policiais Civis do estado de São Paulo – entre investigadores, escrivães, peritos e delegados -entraram em greve por tempo indeterminado no dia 16 de setembro, com o pedido de 15% de reajuste salarial em 2008 e 12% para 2009 e 2010, além de equiparação salarial entre os ativos e inativos, reestruturação das carreiras e melhores condições de trabalho. Se aprovada, a iniciativa beneficiaria 35 mil policiais civis de São Paulo, além de cerca de 153 mil policiais militares da ativa, inativos e pensionistas.

“A Polícia Militar está atrelada a nós e, direta ou indiretamente, eles serão beneficiados com a nossa luta. Por isso, sabemos que eles não podem fazer greve e pedimos que haja uma ajuda mesmo que velada”, disse o presidente do SIPESP, João Batista Rebouças da Silva Neto. Por lei, a Polícia Militar é impedida de fazer greve ou de ter seus integrantes sindicalizados.

Para organizar a categoria, o SIPESP criou a Cartilha da Greve, que continha direcionamentos sobre a realização de registros dos casos de flagrante, captura de procurados e homicídios, por exemplo, entre outros procedimentos. A cartilha, entretanto, ressaltava o uso do bom senso na triagem dos casos e teve papel crucial para o bom andamento e adesão da mobilização.

A força da greve, que durou 59 dias, foi repercutida em toda a mídia nacional por ter mobilizado quase 90% dos policiais civis todo o Estado. A fatídica passeata até o Palácio dos Bandeirantes, onde aconteceu o confronto com a Polícia Militar que feriu 30 policiais civis, contou com a presença de mais de 12 mil pessoas.

Apesar dos esforços do SIPESP, dos demais sindicatos e associações e dos policiais que aderiram à greve, o Governo não cedeu às prerrogativas levadas para debate e a greve terminou, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 13 de novembro. Foram aprovados pela Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) o reajuste de 6,5%, a reestruturação da carreira de delegados e a exigência do nível superior para ingresso nas carreiras de Investigador de Polícia e Escrivães de Polícia.

A importância do ato relembrou à categoria de que é possível e, acima de tudo, um dever lutar. “Integramos uma categoria que ainda reluta em defender muitos de seus direitos e promove até um ‘auto boicote’, já que clamam pela extinção do Sindicato que representa os interesses da categoria. A greve teve a função, além de tentarmos um reajuste adequado para os policiais que fazem tanto pela sociedade paulista, unir aqueles que acreditam que podemos prosperar”, afirma o presidente do SIPESP.

LINHA DO TEMPO

03 de agosto de 2008
O Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo (SIPESP) criou uma cartilha com orientação para os policiais civis com quais serviços serão executados durante a greve prevista para o dia 13 de agosto.

13 de agosto de 2008
A Polícia Civil de São Paulo suspendeu a paralisação depois de uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). A greve foi transformada em estado de greve.

10 de setembro de 2008
Os policiais chegaram a suspender a greve por 48 horas na tentativa de dialogar com o Governo, mas não receberam nenhuma proposta concreta.

16 de setembro de 2008
A paralisação da Polícia Civil do Estado de São Paulo começou devido a reivindicações de reajuste salarial.

08 de outubro de 2008
Após vinte dias, sindicatos suspendem greve para negociar com o governo do Estado.

10 de outubro de 2008
O governo do Estado e representantes da categoria não chegaram a um acordo; e a paralisação é retomada nas delegacias de São Paulo.

16 de outubro de 2008
Cerca de 12.000 policiais civis que aderiram à greve tentavam seguir em direção do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo, mas foram surpreendidos e entraram em confronto com equipes da Polícia Militar (PM).

17 de outubro de 2008
Depois do confronto entre policiais civis e militares – que deixou cerca de 30 feridos – sindicatos de policiais civis de diferentes Estados do país decidiram organizar uma paralisação de suas atividades no dia 29 de outubro em apoio aos grevistas e em repúdio à maneira que eles classificam como “desrespeitosa” com que o governo paulista tem tratado os policiais.

21 de outubro de 2008
O Governo do Estado enviou à Assembleia Legislativa uma proposta de reajuste salarial com aumentos de 6,5% em 2009 e 6,5% em 2010.

22 de outubro de 2008
O presidente do SIPESP anuncia continuação da greve da Polícia Civil e que a nova proposta de aumento salarial feita pelo Governo do Estado não deve ser levada a sério.

04 de novembro de 2008
Deputados paulistas aprovaram o reajuste de 6,5% no salário base dos policiais e delegados de polícia. Os líderes da categoria informam que a greve, que completou 49 dias, deve continuar por tempo indeterminado e que o movimento irá reforçar suas ações em todo o Estado.

12 de novembro de 2008
Deputados da ALESP aprovam projetos que tratam da reestruturação da carreira de delegados e o reajuste de 6,5% para os policiais.

13 de novembro de 2008
Supremo Tribunal Federal (STF) suspende a greve após 59 dias. O presidente do SIPESP caracterizou como precipitada a decisão de retomada do trabalho. Para ele, a decisão do STF era de caráter “ditatorial”.