Polícia Civil de São Paulo: a importância da modernização tecnológica no combate ao crime

Investimentos em tecnologia são essenciais para que a corporação enfrente os desafios da criminalidade moderna e garanta a segurança pública no estado.

A Polícia Civil do Estado de São Paulo tem um papel essencial na manutenção da ordem e na garantia da segurança pública. Responsável pela investigação de crimes, essa corporação atua na linha de frente do combate à criminalidade, desde a coleta de provas até a prisão de criminosos. No entanto, o avanço constante das tecnologias criminosas têm colocado desafios significativos para a polícia, exigindo uma modernização urgente de suas práticas e ferramentas.

No entanto, um grande freio é o orçamento destinado para a modernização. Do total destinado às polícias, 66,6% ficou com a Polícia Militar. Para a Polícia Civil, foram 27,5% do montante e, para a polícia técnico científica, 5,1%. O percentual de 0,8% foi destinado a despesas compartilhadas entre as polícias. Os dados são do estudo O funil de investimento da segurança pública e prisional no Brasil, do centro de pesquisa Justa, que atua no campo da economia política da justiça, com dados de 12 estados em 2022, que juntos somam 68% do total dos orçamentos estaduais do país, obtidos via Lei de Acesso à Informação.

No entanto, diferente da Polícia Militar, que atua na prevenção de crimes e manutenção da ordem pública, a Polícia Civil é responsável por investigar crimes já ocorridos, reunir provas e construir os inquéritos que sustentam a justiça. É um trabalho meticuloso e altamente especializado, que requer uma combinação de habilidades investigativas, conhecimento técnico e uma profunda compreensão da legislação.

A investigação criminal realizada pela Polícia Civil é vital para a resolução de crimes, sendo o elo entre o delito e o sistema judiciário. Através do trabalho de delegados, investigadores e peritos, a polícia consegue identificar autores de crimes, desmontar quadrilhas e levar à justiça os responsáveis por atos ilícitos.

Nos últimos anos, a criminalidade evoluiu de forma significativa, com criminosos adotando tecnologias avançadas para cometer delitos cada vez mais sofisticados. A ascensão dos crimes cibernéticos, como fraudes eletrônicas, invasões de sistemas e disseminação de fake news, é um exemplo claro dessa transformação. Além disso, o uso de criptomoedas para lavagem de dinheiro e o acesso a tecnologias de comunicação criptografadas dificultam o rastreamento e a interceptação de atividades criminosas.

Nesse cenário, a Polícia Civil enfrenta um desafio monumental: como acompanhar essa evolução tecnológica com recursos e ferramentas defasados? Sem a modernização necessária, a corporação corre o risco de ficar um passo atrás dos criminosos, o que poderia resultar em uma maior impunidade e na sensação de insegurança da população.
São Paulo já deu passos importantes em direção à modernização de sua Polícia Civil. A implementação de sistemas de videomonitoramento integrados, a digitalização de inquéritos policiais e o uso de tecnologias de reconhecimento facial são exemplos de avanços que já estão em prática. No entanto, há muito a ser feito.

O principal desafio continua sendo a alocação de recursos. A modernização tecnológica demanda investimentos significativos, não apenas na compra de equipamentos, mas também na capacitação dos profissionais que irão utilizá-los. Além disso, é necessário um planejamento estratégico que considere as rápidas mudanças tecnológicas e os novos tipos de crimes que surgem a cada dia.

Para a população paulista, apoiar a modernização da Polícia Civil é garantir um futuro mais seguro e uma justiça mais eficiente. Para o governo, é um investimento essencial para a proteção dos cidadãos e para a construção de uma sociedade mais justa e segura.

João Batista Rebouças da Silva Neto
Presidente do Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo (SIPESP)