
Em 2008, o SIPESP encabeçou o momento histórico que colocou a Polícia Civil em destaque diante do Governo e da sociedade paulista.
Neste ano de 2023, a importante greve realizada pela Polícia Civil Paulista completa 15 anos. Em 2008, a PCSP foi convocada pelo SIPESP para se unir em prol da reivindicação de reajuste salarial e melhores condições de trabalho. O movimento reuniu cerca de 53% do efetivo na Capital e 97% no interior paulista, marcando a história da categoria.
O SIPESP, como organizador do movimento, criou a Cartilha da Greve, que continha direcionamentos sobre a realização de registros dos casos de flagrante, captura de procurados e homicídios, por exemplo, entre outros procedimentos. A cartilha também ressalta o uso do bom senso na triagem dos casos e teve papel crucial para o bom andamento e adesão da mobilização.
Apesar da pressão do governo, a greve mostrou sua força e durou 59 dias, sendo repercutida em toda a mídia nacional por ter mobilizado quase 90% dos policiais civis de todo o Estado. A fatídica passeata até o Palácio dos Bandeirantes, onde aconteceu o confronto com a Polícia Militar que feriu 30 policiais civis, contou com a presença de mais de 12 mil pessoas.
Relembrando a história
Muita gente se pergunta o motivo de o SIPESP sempre relembrar a Greve de 2008. E a resposta para isso é simples: uma categoria sem movimento sindical não tem força. Para o presidente do SIPESP, João Batista Rebouças da Silva Neto, hoje não apenas a força policial, mas diversas categorias de trabalho enfrentam, a cada dia mais, cortes de direitos facilitados por falta de união e apoio ao Sindicato de representação. “Não podemos nos esquecer de que o Sindicato é o representante oficial da categoria. É o Sindicato o responsável por conseguir e brigar no Governo e na Justiça pelos direitos dos trabalhadores. Em 2008, o SIPESP tomou a frente e convocou todos para a greve. Por isso, relembrar esse momento icônico na trajetória da Polícia Civil e o papel do SIPESP nesse momento é essencial para garantir a progressão e crescimento da categoria”, apontou.
LINHA DO TEMPO
03 de agosto de 2008
O Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo (SIPESP) criou uma cartilha com orientação para os policiais civis com quais serviços serão executados durante a greve prevista para o dia 13 de agosto.
13 de agosto de 2008
A Polícia Civil de São Paulo suspendeu a paralisação depois de uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). A greve foi transformada em estado de greve.
10 de setembro de 2008
Os policiais chegaram a suspender a greve por 48 horas na tentativa de dialogar com o Governo, mas não receberam nenhuma proposta concreta.
16 de setembro de 2008
A paralisação da Polícia Civil do Estado de São Paulo começou devido a reivindicações de reajuste salarial.
08 de outubro de 2008
Após vinte dias, sindicatos suspendem greve para negociar com o governo do Estado.
10 de outubro de 2008
O governo do Estado e representantes da categoria não chegaram a um acordo; e a paralisação é retomada nas delegacias de São Paulo.
16 de outubro de 2008
Cerca de 12.000 policiais civis que aderiram à greve tentavam seguir em direção do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo, mas foram surpreendidos e entraram em confronto com equipes da Polícia Militar (PM).
17 de outubro de 2008
Depois do confronto entre policiais civis e militares – que deixou cerca de 30 feridos – sindicatos de policiais civis de diferentes Estados do país decidiram organizar uma paralisação de suas atividades no dia 29 de outubro em apoio aos grevistas e em repúdio à maneira que eles classificam como “desrespeitosa” com que o governo paulista tem tratado os policiais.
21 de outubro de 2008
O Governo do Estado enviou à Assembleia Legislativa uma proposta de reajuste salarial com aumentos de 6,5% em 2009 e 6,5% em 2010.
22 de outubro de 2008
O presidente do SIPESP anuncia continuação da greve da Polícia Civil e que a nova proposta de aumento salarial feita pelo Governo do Estado não deve ser levada a sério.
04 de novembro de 2008
Deputados paulistas aprovaram o reajuste de 6,5% no salário base dos policiais e delegados de polícia. Os líderes da categoria informam que a greve, que completou 49 dias, deve continuar por tempo indeterminado e que o movimento irá reforçar suas ações em todo o Estado.
12 de novembro de 2008
Deputados da ALESP aprovam projetos que tratam da reestruturação da carreira de delegados e o reajuste de 6,5% para os policiais.
13 de novembro de 2008
Supremo Tribunal Federal (STF) suspende a greve após 59 dias. O presidente do SIPESP caracterizou como precipitada a decisão de retomada do trabalho. Para ele, a decisão do STF era de caráter “ditatorial”.