Taxa de suicídios entre policiais civis é seis vezes maior do que a taxa dos mortos em serviço
A relação entre adoecimento mental e ocupação é uma base importante abordada por estudos internacionais e, na prática, os policiais representam um grupo elevado de risco para o adoecimento mental e o suicídio.
Nos anos de 2017 e 2018, a Ouvidoria da Polícia de São Paulo afirmou que 17 policiais civis tiraram a vida em todo o estado. Segundo eles, isso representa uma taxa média de 30,3 suicídios a cada 100 mil policiais, por ano — três vezes o índice aceitável pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que considera situação de epidemia a partir de 10 suicídios a cada 100 mil.
Atualmente a polícia civil tem cerca de 28 mil homens e mulheres. Proporcionalmente, a taxa de suicídios entre policiais civis é seis vezes maior do que a taxa de mortos em serviço (5 a cada 100 mil).
Hoje, a Polícia Civil não tem nenhum programa de suporte para a saúde mental do policial. Mas de acordo com a Ouvidoria, são sete as principais causas de suicídios entre os policiais: estresse, transtornos pós-traumas ou de enfrentamentos ou de acidentes, falta de suporte à saúde mental, depressão ou adoecimento mental, conflitos institucionais, conflitos familiares e problemas financeiros e isolamento social, rigidez e introspecção.
Em 85% dos casos de suicídios, o instrumento utilizado pelo policial foi a arma de fogo.
Para o presidente do SIPESP, João Batista Rebouças da Silva Neto, é necessário que o governo crie políticas de segurança pública que reduzam esse índice. “O Sindicato, mais do que ninguém, acompanha os problemas diários que cercam os policiais durante o trabalho. Além de ser uma atividade de risco e lidarmos com o sucateamento da categoria todos os dias, que definitivamente colaboram com o fator de estresse desses policiais”, disse. “Precisamos lembrar que estamos falando de pessoas que precisam de um acompanhamento especializado. São muitos fatores a serem considerados”, lamentou.