Representantes de todo o estado expuseram as dificuldades da polícia e elaboram plano de ação na luta pela categoria.

A luta do SIPESP não para. Nesta quarta-feira, 21 de agosto, o Sindicato recebeu em sua sede o deputado Capitão Castello Branco (PSL), para uma reunião com representantes da Polícia Civil de todas as regiões do interior e litoral de São Paulo.

O presidente do SIPESP, João Batista Rebouças da Silva Neto, iniciou a reunião apresentando as principais prerrogativas da Polícia Civil Bandeirante ao deputado. “É uma honra ter o senhor ao nosso lado. É bom saber que nós, operacionais, teremos uma voz no legislativo! O Sindicato está de portas abertas e hoje vamos mostrar os fatos que degradam a nossa Polícia. Temos representantes de todo o estado para debater esses problemas”, falou.

Em seguida, após uma breve apresentação sobre sua história pessoal e a sua ligação com a Polícia Civil de São Paulo, o deputado afirmou que os problemas da corporação são crônicos e se propôs a ouvi-los para ajudar a categoria. “Não tenho interesse que não seja ajudar vocês. Estou plantando uma semente aqui. Muitos políticos falam demais e não resolvem nada ou por que não podem, ou porque não querem ou simplesmente porque não querem comprar brigas que não os interessam politicamente”, disse Castello Branco. “Se não mudarmos agora, não saberemos para onde vai o trem”.

Atuação

De acordo com o deputado, há uma série de condições favoráveis à PCSP, inclusive segundo consta, do próprio Governador João Dória, que prometeu melhorias salariais para os operadores de Segurança Pública- tanto para a polícia militar quanto para a polícia civil. Segundo divulgado, em outubro deste ano ele anunciará um pacote gradativo de reajuste salarial.

Castello Branco relembrou das dificuldades que serão enfrentadas. “Não só nossa legislação é muito fraca, como ela quer piorar com essa questão da Lei de Abuso de Autoridade. Podemos pressionar, junto com a nossa bancada, os órgãos executivos para melhorias salariais e de equipamentos. Nesse momento, tudo nos parece favorável; podemos ter um prognóstico positivo, pois temos um governador que quer se candidatar à presidência da República”, explicou.

O deputado ressaltou ainda importância da participação efetiva da categoria na busca os direitos e pediu o comparecimento frequente da categoria no plenário para falar sobre a Polícia Civil paulista. “O brasileiro está começando a mudar seu comportamento porque quer saber o que está sendo falado e resolvido da sua vida pelos políticos. Mas, apesar dos esforços heróicos de muitos de vocês, sabemos que a segurança pública está muito aquém do que poderia fazer”.

Denúncias em prol de melhorias
Em um segundo momento, os diretores puderam relatar ao deputado a realidade encarada pelos policiais em seu dia-a-dia nas delegacias do interior.

O representante da região de Assis, José Elísio, lembrou da péssima qualidade do armamento utilizado. “Nós temos armamento, mas as munições estão vencidas. As delegacias estão sucateadas e as viaturas estão descaracterizadas, sendo utilizadas de forma indevida; não temos pagamento de nível universitário para investigador e escrivão, além da nossa Academia ser obsoleta”, disparou. Assis, que conta com uma Seccional e 14 delegacias regionais, tem apenas cinco delegados e mais alguns escrivães e investigadores que se revezam para suprir as necessidades destas unidades, segundo o diretor.

Já o diretor Paulo Érica denunciou a redução da Polícia Civil em algumas cidades do interior. Segundo ele, algumas viaturas circulam com apenas um policial. “São 12 cidades no entorno. São José dos Campos está um pouco melhor por ser uma cidade um pouco mais populosa”, lamentou. “Além disso, os cursos da Academia são praticamente inúteis: servem apenas para dar emprego aos apaniguados da administração”, afirmou.

Rebouças lembrou que os cursos de tiro são dados de forma oral, ou seja, não há a prática porque o equipamento comprado é antigo, além de não haver munição adequada.

De acordo com a diretora Maria Helena Torres, a polícia compra munição com desconto e, muitas vezes, é de má qualidade. “Aí acontecem os acidentes: a munição não ejeta, a arma dá pane e a moral da história é que eles não conseguem resolver a pane e correm um grande risco”, disse.

O representante da região de Araraquara, Maurício do Amaral, também apontou que a cidade tem um grave problema de efetivo. “O policial acaba não tendo férias, nem descanso, nem nada. E esse problema se repete em todas as cidades”.

A questão do efetivo foi levantada novamente pelo delegado sindical Leandro, de São João de Boa Vista, que explanou sobre o sucateamento da Polícia Civil. “Nós temos exemplos muito claros. Por exemplo: na minha cidade, a Lei Maria da Penha se tornou ineficaz. Começaram a chegar muitos flagrantes e nós não conseguimos atender as demandas. Se chegam dois ou três flagrantes durante a noite, nós não temos efetivo para atender”.

João Carlos Pavão, diretor de Lins e região, lembrou a todos que os problemas se repetem, em todos os lugares e abordou questões ainda mais profundas. “O pessoal tem que cobrir as cidades vizinhas, além de enfrentar problemas estruturais e de prestação de contas e de recursos. Tem profissionais da prefeitura nas delegacias, mas eles não são capacitados para substituir investigadores e escrivães”, explicou.

Também foi abordada a questão do Vale Alimentação, que para Polícia Civil é de R$ 12 por plantão enquanto o da polícia militar é de R$ 85 por dia, um dos pontos que o SIPESP está lutando para que mude.

O SIPESP está brigando também para que todas as melhorias sejam estendidas aos aposentados.

Polícia Real, Polícia Ideal

Um documento foi preparado pelo Sindicato especialmente para a visita do Deputado Castello Branco à sede. O material, chamado “Polícia real Polícia ideal”, apresentado pelo advogado Wilson Rangel, reuniu inúmeros dados sobre a PCSP, comparativos salariais em nível nacional e estadual, além de estatísticas sobre o déficit de policiais, redução de concursos, infraestrutura nas delegacias, entre outros.

O material é só o início do trabalho de pesquisa do Sindicato, que mostrará para a população – e para a própria polícia – os números oficiais, mas acima de tudo, os números reais, conquistados com a colaboração da categoria de todo o estado.

Uma das parceiras do Sindicato, a Universidade Brasil, marcou presença na reunião e se propôs a auxiliar a entidade na promoção dos encontros da categoria.

“Prometo ir ao combate. Estou agradecido por ter sido escolhido para representar a bandeira da Segurança Pública”, finalizou o deputado.

O presidente Rebouças entregou uma placa em homenagem ao deputado Castello Branco no final da reunião em nome do SIPESP.