Iniciativa começou há cerca de cinco meses e um dos cães já realizou quatro apreensões na região.

Estar sempre a um passo da criminalidade. Esse é o principal objetivo da polícia – seja ela civil, militar, federal. E o cão farejador é um diferencial para o sucesso das buscas e apreensões policiais. Pensando nisso, em Guaratinguetá, a Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise), começou um trabalho com cães farejadores, proposta inovadora para a categoria na região.

A iniciativa, de acordo com o investigador de polícia Rafael Carvalho de Paula, surgiu, antes de tudo, do amor que ele tem por cães e pela vontade de ter um cão farejador dentro da unidade policial. “Diante desse sentimento, da vontade de trazer novas ideias para dentro dos nossos trabalhos e considerando que algumas unidades da Polícia Civil de São Paulo também estão trabalhando nesse sentido, foi apresentada a ideia primeiramente ao nosso delegado titular, Dr. José Marcelo Silva Hial e, posteriormente ao nosso delegado seccional de polícia, Dr. Marcio Marques Ramalho, onde os doutores gostaram da ideia e, consequentemente, autorizaram o uso do cão ideal para o trabalho”, contou o policial.

Por ser uma raça consagrada entre as polícias do Brasil e do mundo inteiro, o Dise Guaratinguetá optou pelo Pastor Belga Malinois, muito ágil, inteligente, persistente e leal. Essa raça pode, inclusive, com o devido treinamento, auxiliar em buscas e salvamento de pessoas desaparecidas.

O cão foi disponibilizado por um canil localizado na cidade de Lorena, cujo dono tem empatia com a atividade policial. A parceria começou há cerca de cinco meses e o treinamento é de responsabilidade do dono do canil, que tem 30 anos de experiência na área. “Comprometido com a causa e vendo nossa boa vontade, formamos uma parceria sólida”, salienta o investigador.

Trabalho responsável
O bem-estar é um dos pontos principais abordados pelo policial quando se trata dos cães. O cachorro que está sendo utilizado foi disponibilizado, temporariamente, para o trabalho de buscas e apreensões, enquanto a filhote – que tem cinco meses e que atuará na unidade – faz o treinamento e esteja apta a ir para as ruas.

Quando os animais terminam o trabalho, eles são direcionados ao canil, que tem uma estrutura específica para serem hidratados, alimentados e receber os devidos cuidados. “Eu fico responsável pela condução do cão e também ficarei responsável pela filhote. Na minha ausência, um outro policial que acompanha o treinamento estará apto à condução dos cães”, garante Raphael.

Novas perspectivas
Historicamente, os cães começaram a ser usados para farejar substâncias ilegais no fim dos anos 60, durante a Guerra do Vietnã (1959- 1975), quando o consumo de heroína entre soldados americanos tornou-se um sério problema para o Exército dos EUA.

Os cães das raças labrador, golden retriever, pastor alemão e pastor belga malinois são as raças mais usadas no combate ao tráfico de drogas. Esses cães têm um faro apuradíssimo, graças aos seus mais de 200 milhões de células olfativas – o homem possui apenas 5 milhões.

Essas vantagens dos cães sobre os humanos garantem com que os policiais entrem em áreas de difícil acesso ou em grandes áreas construídas, pois facilita a atividade de busca, reduzindo o tempo e aumentando a eficácia das operações.

“O cão devidamente treinado pode detectar os ilícitos a longas distâncias, através de micropartículas que são deixadas pelo caminho, criando uma espécie de rastro. Outra vantagem é o efeito psicológico, pois a simples presença do animal em um local suspeito já causa transtorno emocional muito grande nas diligências de busca e apreensão, sendo, às vezes, até desnecessário o seu emprego para o êxito da operação ”, afirma o policial.

A evolução do trabalho na unidade foi notada: nos últimos cinco meses, já foram realizadas quatro apreensões. “Pretendemos atingir bons números com o passar do tempo, afinal, o trabalho de polícia com cães torna o trabalho mais motivador, pois temos a certeza de que, se tiver drogas, armas ou munição no local, eles serão localizados”, garantiu.

Iniciativa colaborativa
De acordo com Rafael, a iniciativa tende a ser definitiva. “Esperamos, inclusive, que seja motivador para outras unidades do Vale do Paraíba, pois trata-se de um grande colaborador”, afirma. Ele salienta que, pelo respeito que tem aos animais, prefere tratá-los com o termo “colaboradores”.

Segundo o investigador, a aceitação dos policiais foi imediata, já que todos são muito abertos a novas ideias, além de o cão ter trazido mais ânimo para o trabalho.

No entanto, nem tudo são flores. Os custos do canil e o treinamento são bancados pelos policiais da unidade, enquanto buscam parcerias para auxiliar nesse sentido.

Apesar dos empecilhos e das dificuldades comumente encontradas por policiais de todo o estado em aplicar melhorias para a carreira, a felicidade dos policiais é tanta que o clima da delegacia melhorou, dando mais motivação e maior confiabilidade nas diligências.

Veja alguns pontos positivos destacados pelo investigador: