Com explosão de casos de sequestros por meio do golpe do app de namoro, Polícia Civil tem treinado delegacias da Grande SP.

No dia 2 de janeiro, um homem de 43 anos foi resgatado pela Polícia Militar após ter sido sequestrado na noite anterior em São Paulo. A partir de uma denúncia, os policiais encontraram a vítima amarrada dentro do carro dos criminosos.

Aos agentes, ele confessou ter sofrido o sequestro no bairro do Jaraguá, na zona norte da capital paulista, enquanto aguardava a chegada de uma suposta mulher com quem havia marcado um encontro após conversas em um aplicativo de namoro.

Esse foi um dos dez casos de extorsão mediante sequestro registrados pela Polícia Civil no primeiro mês do ano no estado. O número supera o total de ocorrências ao longo do primeiro trimestre de 2022. Já no último trimestre do ano passado, o estado registrou 18 casos, contra 7 no mesmo período de 2021.

Diante da explosão de casos, motivados principalmente pela facilidade em tomar dinheiro das vítimas por transferências via Pix, a Divisão Antissequestro da Polícia Civil de São Paulo passou a treinar outras delegacias para atuar contra esse tipo de quadrilha, com foco em unidades da região metropolitana.

“Neste ano, permanecemos no assessoramento e treinamento de outros grupos, recentemente fizemos com Jandira. Há todo um treinamento específico para acolher a vítima desse crime e sua família, e para iniciar uma investigação desse tipo de atividade criminosa, que é específica”, explica Fabio Nelson Fernandes, delegado da Divisão Antissequestro.

Cerco às lideranças

Além dos treinamentos, o investigador afirma que uma das estratégias da Polícia Civil tem sido o foco em operações para prender os líderes das quadrilhas do chamado “golpe do amor”.

No dia 22 de fevereiro, a polícia prendeu Ailton Oliveira dos Santos, considerado um dos principais criminosos do estado nesse tipo de crime. Segundo a investigação, o grupo chefiado por Gato Preto, como ele é conhecido, seria responsável por 10% dos sequestros ocorridos em São Paulo no ano passado.

Uma semana antes da prisão de Gato Preto, Deivison Dias Cândido, de 32 anos, apontado como o responsável por “popularizar” a quadrilha do golpe do amor, foi morto em uma troca de tiros com a Polícia Civil em Parada de Taipas, na zona norte da capital.

Segundo o delegado Fabio Nelson Fernandes, essas quadrilhas atuam especialmente na zona norte de São Paulo e uma das preocupações das forças de segurança é impedir que os grupos expandam sua atuação para toda a cidade e pela Grande São Paulo.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, até o momento, oito dos dez casos registrados em janeiro de 2023 já foram esclarecidos e resultaram na prisão de 33 suspeitos.


Fonte: Metrópoles
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