De autoria do Vereador Reis (PT), a Lei 17.066/2019 estipula o dia 16 de outubro como a data da comemoração

No último dia 22 de janeiro foi aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo a Lei 17.066/2019, que cria o Dia Municipal de Valorização do Policial Civil. A proposta é do vereador Reis (PT).

A data escolhida pelo vereador tem valor histórico: no dia 16 de outubro de 2008, diversos setores da Polícia Civil e de várias cidades estavam em greve e marchavam em direção ao Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, para reivindicar melhores condições salariais e de trabalho para os policiais civis de todo o Estado (clique aqui e leia a matéria sobre os dez anos da greve).

Reis afirma que durante a primeira legislatura já havia proposto a data, mas no calendário da cidade de São Paulo já existia o dia 21 de de abril – Dia da Polícia Civil. No entanto, o intuito da proposta do vereador era outra. “[O dia 16 de outubro] Foi um dia de luta, responsável pelo surgimento de desdobramentos para a categoria. Foi a luta dos policiais para que fossem valorizados e o governo acabou colocando a Polícia Militar para bombardeá-los. Então esse dia tem que ser colocado no calendário para que as pessoas não esqueçam do que aconteceu”, relembra o vereador Reis.

A Greve de 2008 foi um marco para a Polícia Civil, mas também conseguiu unir e ampliar os horizontes de todas as polícias para os direitos que constantemente são minorizados pelo Governo.

“Eu digo que é uma data importante para a categoria porque o movimento teve um reflexo que acabou beneficiando os policiais militares. Quando houve as reformulações legislativas na Assembleia, que o governo mandou, obviamente foi dada uma atenção aos policiais militares. Portanto é uma data que deve ser resguardada, debatida e analisada por toda a categoria policial”, explica Reis. “Assim que os órgãos de representação da categoria também fizerem uso dessa data para demonstrar às futuras gerações que tudo o que aconteceu foi para que pudessem ser feitas melhorias nas condições de trabalho, na questão da aposentadoria, na questão do nível universitário, a data se tornará ainda mais importante. Tudo isso vêm em decorrência dessa luta”, afirma.

Para o presidente do SIPESP, João Batista Rebouças da Silva Neto, a atuação do Vereador Reis em prol da Polícia Civil é essencial para que possam ser alcançados mais avanços. “O vereador tem sido um batalhador pela Polícia Civil, atuando junto aos deputados, encaminhando alguns projetos que algo seja feita por nós”, disse.

O Dia Municipal de Valorização da Polícia Civil será comemorado, de acordo com o vereador, em solenidades na Câmara ou em reuniões no Sindicato.

Confira depoimento completo do Presidente do SIPESP sobre a promulgação do Dia Municipal de Valorização do Policial Civil

Os policiais civis precisam se policiar, pois muitas coisas boas acabam sendo esquecidas. Com a aprovação do Dia Municipal da Valorização do Policial Civil, vamos anualmente nos lembrar de um momento histórico ocorrido no centro de São Paulo, onde muitos policiais, de todo o Estado e de todo o Brasil, estiveram prestando solidariedade ao nosso movimento, participando das passeatas.

Foi um momento único e que nos deixou muito fortes! A imprensa de vários países também estiveram no nosso Sindicato para entender a nossa luta por melhores salários, quando também expusemos a gigantesca quantidade de trabalho, falamos sobre nosso nível superior – exigido, porém não reconhecido, já que não pagam adequadamente.

Um momento que eu me senti muito emocionado foi quando estávamos em frente ao Teatro Municipal e olhei a multidão que ia até a Rua Líbero Badaró, mais de 25 mil pessoas unidas. Foi um momento fantástico!

No dia 16 de outubro tínhamos os papéis na mão, com as reivindicações mínimas para o Governo – que se diz democrático – e ficamos ali 4 horas. Chegou aquele fatídico momento quando investigadores, representantes da Polícia Civil e alguns políticos que marchavam com a gente foram repreendidos pela Polícia Militar. O Governador disse que se a chuva não acabasse com a gente, a PM acabava. Eu falei com um policial do Choque: “você vai nos atacar? Tem familiares seus aqui. Estamos lutando por vocês também”. Chegou a escorrer uma lágrima.

Se não fosse a nossa postura de liderança no momento, quando estava todo mundo armado, se um puxasse a arma ali, eu não sei o que aconteceria! Seria um fratricídio, irmão atirando em irmão. Nós estávamos ali para melhorar não só a nossa Polícia Civil, mas a polícia como um todo. Tanto que, no dia seguinte, veio a Cúpula da polícia para acabar com a greve. Então a greve cresceu mais ainda, só foi encerrada depois de uma ordem do STF, que infelizmente não entendeu os nossos pedidos.

A nossa polícia estava desamparada, sucateada. Foi um momento que abriu os nossos olhos e nos alertou a coisas realmente importantes. Soubemos suportar as pressões.

Esse dia não pode ser esquecido jamais. Foi um evento lindo. Foi a primeira vez que a polícia de São Paulo parou, cerca de 90%, e o Governo foi irresponsável em fazer o que fez. Era diálogo o que queríamos. Coloque um representante para conversar. Ninguém foi para brigar; queríamos conversar, ele não abriu as portas e nos atacou covardemente.

Emissoras do mundo inteiro que acompanharam o movimento questionaram a atitude do Governo ao colocar duas entidades frente a frente. Isso serviu até de estudo, na Espanha. Não pode acontecer.

O nosso comando geral era no nosso Sindicato e muitas entidades participaram. Infelizmente foi a última vez que realmente houve uma união. O Governo deu uma multa, arcada pelo SIPESP, por danos morais e materiais ao Estado. Mas se houve perda de um lado, imagina do nosso? Queremos dignidade, respeito, condições de trabalho. Temos colegas que trabalham em cinco delegacias no interior porque não tem policial e não ganham por isso, nem bônus. Nada.

Mas, apesar de tudo, ganhamos. Marcamos a história. Quando se une, quando se quer, podemos lutar por melhorias no trabalho e nas condições de vida. Foi um momento histórico e que não pode ser esquecido. Vamos lembrar para sempre do dia 16 de outubro.