Apesar de a Subprefeitura de Guaianazes, responsável pela região, ter pedido a interdição total do prédio, a Secretaria da Segurança Pública afirma que a parte interna foi liberada; policiais continuam o trabalho dentro do prédio prejudicado.

No dia 15 de abril, parte da marquise externa do 68º Distrito Policial de Lageado, no bairro de Guaianases, Zona Leste de São Paulo, desabou. A estrutura atingiu duas viaturas que estavam estacionadas no local. O problema de manutenção das delegacias mais uma vez vem à tona e retorna o debate sobre a necessidade urgente de reformas nos prédios da Polícia Civil de São Paulo.

Com sorte, não houve vítimas no desabamento da parte externa; mas o prédio, que tem mais de 30 anos, nunca passou por uma reforma. A falta de manutenção é aparente: infiltrações, fios elétricos expostos e mofo são comuns nos tetos e paredes da unidade.

“Esse acontecimento só nos mostra o que sempre deixamos claro para a categoria: a Polícia Civil enfrenta um momento crítico em que tem que lidar, diariamente, com a precariedade dos ambientes de trabalho, os quais o Estado não demonstra nenhum interesse em melhorar”, aponta o presidente do SIPESP, João Batista Rebouças da Silva Neto.

Necessidade de interdição

No dia 16 de abril a Subprefeitura de Guaianazes, responsável pela região, chegou a pedir a interdição total do prédio e deu 15 dias para começar as obras no prédio do 68ºDP. A Secretaria da Segurança Pública (SSP), porém, disse que a Prefeitura liberou a parte interna. A circulação constante dos servidores está acontecendo normalmente, mas os atendimentos estão sendo encaminhados para outros DPs.

“Do mesmo jeito que caiu, está. Estamos aguardando o estudo, já que a marquise faz parte da estrutura do prédio e o prédio é alto. A delegacia está interditada desde o dia do desabamento e os cidadãos estão indo para o 44ºDP, 50º DP e 67º DP e não estão sendo atendidos aqui”, afirmou o investigador de polícia Evandro.

De acordo com o Secretário de Segurança Pública, General João Camilo de Campos, as reformas nos DPs acontecerão de acordo com os recursos da SSP e a situação de cada delegacia.

As obras ainda não tiveram início e os carros continuam debaixo dos destroços.

Relatório do TCE

Após uma fiscalização (clique aqui e leia a matéria) realizada pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE/SP), no dia 26 de abril, foi liberado o relatório intitulado “III Fiscalização Ordenada”, que traz números sobre a satisfação ou insatisfação dentro das delegacias e dos cidadãos.

A fiscalização foi realizada por 280 servidores do TCE, em 275 delegacias de polícia em mais de 225 municípios. Foram entrevistadas 1.040 pessoas, entre cidadãos e servidores das carreiras policiais.

Os dados mostrados no relatório confrontam os acontecimentos nas delegacias e com os policiais civis, que, conforme noticiado pelo SIPESP, mal tem atendimento hospitalar de qualidade, bons carros para trabalhar, equipamentos ou condições de trabalho.

O relatório mostra que 71,64% dos entrevistados estão satisfeitos com as cadeiras, ar-condicionado, ventilador, iluminação, limpeza, etc. E, apesar de 60,22% ter reconhecido os problemas como rachaduras, fissuras, goteiras, vazamentos, bolores, entre outros, 71,53% diz que os problemas não oferecem perigo aos servidores ou cidadãos.

A discrepância aparece quando a pesquisa diz que 83,21% das delegacias não têm o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), documento emitido pelo Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CBPMESP) certificando que, durante a vistoria, a edificação possuía as condições de segurança contra incêndio (É um conjunto de medidas estruturais, técnicas e organizacionais integradas para garantir a edificação um nível ótimo de proteção no segmento de segurança contra incêndios e pânico), previstas pela legislação e constantes no processo, estabelecendo um período de revalidação.

Confira o arquivo completo do TCE.

O SIPESP continuará acompanhando de perto as promessas de que os DPs passarão por reformas a fim de garantir realmente a segurança e o bem-estar da população e de todos os policiais civis.