A profissional, que tem parceria com o SIPESP, lembra a importância do “Setembro Amarelo”

Setembro Amarelo é o mês dedicado à prevenção do suicídio. Trata-se de uma campanha que teve início no Brasil em 2014 e que visa conscientizar as pessoas sobre o suicídio, bem como evitar o seu acontecimento.

No Brasil são registrados mais de 13 mil suicídios todos os anos e mais de 1 milhão no mundo. É uma triste realidade que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.

De acordo com a psicóloga Dra. Dicelia Lima Moreira de Barros, esta data foi declarada para lembrar as pessoas a importância de falar sobre suicídio. “Quando oferecemos a escuta, o ato se transforma em palavras, transferindo o impulso do ato para a linguagem. Não falar sobre suicídio pode ter um efeito tão devastador quanto falar de maneira inadequada. Segundo a OMS, 90% dos suicídios poderiam ser prevenidos”, afirmou a profissional. “E esse fato nos faz pensar que existe um preconceito histórico que está enraizado em nós, de que evitar falar pode prevenir; mas estudos recentes sobre índices de suicídios que só vem crescendo estão nos mostrando e provando o contrário”.

O suicídio entre os policiais

São Paulo e Rio de Janeiro lideram os números de notificações, com 15 e 13 suicídios consumados de profissionais de segurança pública registrados, respectivamente. Entretanto, ao comparar as taxas da Polícia Militar, que leva em conta o efetivo de cada estado, São Paulo e Rio de Janeiro aparecem na 5° e 6° posição no ranking, com 0,9 suicídios consumados notificados para cada 10 mil PMs. Alagoas lidera o ranking com taxa de 4,5, seguido do Piauí com 3,5 e Ceará com 2,77.

Segundo Barros, os policiais, na maioria das vezes, por lidarem com leis e regras, exercendo um papel de autoridade perante a sociedade, possuem ideias estruturantes dificultando e tornando esta busca de forma resistente, causando um agravamento na sua saúde física e mental. “A convivência de fatores estressantes, situações de conflitos e violências ocasionam desequilíbrio emocional podendo levar com que se sintam cansados, agindo de forma impulsiva, sentindo-se culpados e angustiados. Um outro fator muito importante que é um potencial gerador de estresse e um dos motivos para procurarem a clínica é a dificuldade em superar as expectativas e demandas geradas através do papel exercido, causando frustrações. Tais aspectos, podem influenciar na vida social e familiar levado a um processo de afastamento e procura de relações fora de casa”, afirma a psicóloga.

Algumas queixas relatadas por policiais são: sensação de hesitação, raciocínio confuso, sintomas de estresse, ansiedades e fobias, comportamentos agressivos, falta de paciência.
Os policiais relacionam esses sintomas com o fato de não receberem apoio da corporação, com a falta de reconhecimento, a escala de trabalho exaustiva, o risco de vida, que causam uma recorrência de seus próprios traumas e dificuldades de lidar com as suas próprias questões; também trazem sentimentos de angústia e dores e muitas vezes citam que uma das saídas para se livrarem do sofrimento é suicídio.

Quando procurar ajuda

“É indicado que você procure um profissional quando perceber sintomas de medo, tristeza, ansiedade, depressão, raiva, angústia, desânimo, procrastinação, insônia e terror noturno”, ressalta a Dra. Dicelia. “Alterações como ‘suar frio’, ficar sempre em alerta com medo de algo, taquicardia ou palpitações no peito, tensão muscular, entre outras sensações de desconforto físico podem estar relacionadas com a ansiedade”.

Outros pontos ressaltados pela profissional são sinais de alerta por ajuda, é no caso de ter passado por situações traumáticas como morte na família, divórcio, desemprego. “A necessidade de procurar ajuda vai depender da maneira com que cada um vai lidar com isso, vai depender dos seus próprios recursos internos”, disse.

A procura constante de válvulas de escape como abuso de álcool, uso de substâncias, e até a utilização da comida para compensação, é um grande alerta. Além disso, os sintomas que nunca são diagnosticados, como dores de cabeça, de estômago, gripes e resfriados de repetição ou dores repentinas sem motivo aparente podem ser sinais de problemas emocionais não resolvidos. “Quando esses sintomas passam a ser recorrentes atrapalhando a sua rotina, pode ser um sinal de alerta para procurar ajuda profissional”, alerta.

Receio de procurar ajuda? Veja como proceder

O receio de ir ao psicólogo é algo muito mais comum do que as pessoas imaginam, ainda mais entre os policiais. Na verdade, esse receio é compreensível, pois o ser humano tem dificuldades em aceitar que há algo de errado com suas emoções e, por isso, procurar ajuda profissional é um ato que exige coragem.

“Não se preocupe com os julgamentos. O trabalho do psicólogo não é julgar ou censurar você. A profissão exige que ele encare o mundo com os seus olhos e a partir do seu ponto de vista. Além disso, tudo que é discutido no consultório permanece sob absoluta confidencialidade. Ficar sem saber o que falar também é bem comum, mas temos as ferramentas adequadas e as coisas podem acontecer naturalmente. Existe uma necessidade de mudança, e para que isso acabe, ignorar os problemas não os farão desaparecer. É necessário falar, para que essa fala possa tomar o lugar do ato”, explica a psicóloga. “Ir ao psicólogo não é para ‘loucos’. Se estamos com uma dor forte na barriga, aonde vamos? Ao médico! Mas e se a dor é uma grande tristeza? A quem recorremos? Ao psicólogo”.

“Na Grécia Antiga, já era de conhecimento geral que se a mente vai mal, o corpo também vai. Cuidar da mente é cuidar da saúde. Portanto, não há nenhuma razão para que você continue sofrendo. Como dissemos acima, procurar ajuda é, antes de mais nada, uma demonstração de coragem e maturidade. Tudo bem buscar ajuda!”, finalizou.

Conheça a psicóloga

A Dra. Dicélia Lima Moreira de Barros oferece serviços de psicoterapia e psicanálise, trata de questões emocionais, mentais e psíquicas, que incluem desde tratamentos preventivos a outros mais profundos, prevenção do suicídio, transtornos de ansiedade, depressão, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), fobias abusos, traumas vividos na infância e outras síndromes ou doenças relacionadas ao emocional.

Também faz o acompanhamento de pessoas que estão em sofrimentos profundos, devido a perdas de vínculos afetivos, por morte ou separação de casais, através do acompanhamento de apoio e elaboração do luto, além de serviços e avaliações neuropsicológicas para transtornos de aprendizagem, avaliação de capacidades laborais, memória e etc.

Ela integra o rol de parceiros do SIPESP que oferecem serviços com desconto para os associados e familiares. Saiba mais: http://sipesp.org.br/convenios/convenios-psicologia/